A colite ulcerosa é uma doença caracterizada por uma inflamação da camada mais interna (mucosa) da parede do cólon e do recto. Embora tenha semelhanças com a doença de Crohn, restringe-se à região terminal do tubo digestivo, o cólon e o recto, e afecta apenas a camada mais interna da parede, com uma inflamação difusa e contínua, de gravidade variável, desde um processo ligeiro até à presença de abcessos e ulcerações associados a alterações importantes da morfologia das regiões afectadas.
Nas pessoas com colite ulcerosa alternam-se períodos de manifestação da doença com períodos em que não estão presentes quaisquer sintomas, que podem durar meses ou anos, não sendo possível prever a ocorrência de nenhuma destas fases nem a sua duração.
A colite ulcerosa atinge indivíduos de qualquer idade. Em regra é diagnosticada pela primeira vez nos adultos jovens, embora também o possa ser já em idades avançadas. A sua incidência é ligeiramente superior nas mulheres, nos judeus e nas pessoas que vivem em zonas urbanas, sendo ainda provável que exista algum determinismo genético na sua ocorrência.
Causas
A causa da colite ulcerosa não é conhecida. São consideradas como causas possíveis alterações do sistema imunitário, alterações da vascularização, causas infecciosas e causas alimentares, bem como a sua interacção. Tal como na doença de Crohn, na colite ulcerosa ocorre uma reacção incorrecta e exagerada a compostos de origem alimentar ou não, presentes no tubo digestivo e que, embora inócuos, não são reconhecidos como tal.
Sintomas
Os sintomas da colite ulcerosa incluem normalmente episódios frequentes de diarreia com sangue, pus e/ou muco, dor abdominal simultânea à defecação, febre e perda de peso. Estes sintomas podem ser intensos e de aparecimento súbito ou manifestar-se progressivamente. Na colite ulcerosa podem também estar presentes sintomas extra-intestinais como artrites, lesões da pele, manifestações oculares, hepatite, alterações biliares, anemia, entre outros e nas crianças podem ser evidentes atrasos do crescimento. Contrariamente à doença de Crohn, na colite ulcerosa as obstruções intestinais, fístulas e problemas perianais são raros.
Diagnóstico
O diagnóstico da colite ulcerosa é feito com base na história clínica, nos sintomas presentes, no exame do paciente e em exames adicionais considerados necessários. Entre estes, poderá ser aconselhada, por exemplo, a realização de análises de sangue, que podem sugerir a existência de uma inflamação; análises de fezes, que podem revelar perdas de sangue; radiografias com contraste, para localizar zonas de inflamação e ajudar a determinar a sua gravidade; rectosigmoidoscopia ou colonoscopia para visualizar o interior do cólon, verificar a extensão e gravidade da doença, detectar complicações possíveis e eventualmente para obter amostras para confirmação diagnóstica. Os exames por tomografia computorizada e ressonância magnética também podem ser aconselhados para o diagnóstico da colite ulcerosa.
Tratamento
Inicialmente, a abordagem de tratamento da colite ulcerosa é realizada com medicamentos, administrados em regra a longo prazo, com a finalidade de tratar os sintomas, manter e prolongar os períodos de remissão, controlando simultaneamente os efeitos secundários possíveis desses medicamentos. No entanto, estima-se que cerca de 50% dos pacientes com colite ulcerosa necessitem, nalguma fase da doença, de um tratamento cirúrgico. O tratamento curativo da colite ulcerosa consiste na recessão cirúrgica da totalidade do cólon e do recto, para a qual existem diversos procedimentos possíveis, cuja escolha depende das especificidades de cada caso. Entre os pacientes submetidos com mais frequência ao tratamento cirúrgico incluem-se os casos que não respondem ao tratamento farmacológico, a existência de complicações associadas à doença, como hemorragias graves, perfurações da parede intestinal e infecções, a necessidade de eliminar consequências graves sobre o crescimento nos indivíduos não adultos e a necessidade de diminuir o risco de desenvolvimento de cancro.